Abronca denuncia a violência contra a periferia em reinterpretação da música "174"
Canção ganhou videoclipe assinado pelo diretor turco Taylan Mutaf
Foto: Joao Vianna
Composta há 7 anos com base no caso 174, um sequestro a um ônibus no Rio de Janeiro no ano de 2000 conhecido pelo despreparo policial, faixa de mesmo nome lançada pelo grupo de rap Pearls Negras, embrião do agora duo Abronca, ganha reinterpretação pelo próprio. O projeto de My e Jay levou para faixa mensagens de denuncia à violência sofrida pela população periférica, incluindo o assassinato da vereadora Marielle Franco e o próprio sequestro do coletivo que inspirou a faixa.
“A música foi composta pelo meu pai. Ele é um cantor e compositor conhecido aqui no morro como Tadi que, entre alguns sons que compôs, nos presenteou com essa no começo da nossa carreira, há uns 7 anos atrás. Sempre cantamos ela nos nossos shows e ela é ainda é tão atual! Foi baseada no caso 174, mas ela aborda todos os tipos de injustiça que acontecem na sociedade e com os moradores de periferia! Agora com tantos acontecimentos que vem marcando o país e o estado, queremos gritar pro mundo esse som e ser voz de muitos que não podem se expressar”, conta My.
“É um protesto sobre o acontecimento da tragédia do 174, porém ele se encaixa com várias outras tragédias, como o assassinato da Marielle Franco, como o assassinato do meu tio William, e o assassinato de todas as crianças inocentes mortas pela violência no Brasil. Não podemos nos calar diante de toda essa violência, então a nossa música é como se fosse um soco na cara em muitos que se fingem de cegos”, completa Jay.
A canção ganhou videoclipe dirigido pelo turco Taylan Mutaf. Elas conheceram o diretor na época em que foram descobertas por um executivo de um selo inglês e estouraram no exterior como Pearls Negras. Lançaram a mixtape “Biggie Apple”, entraram em turnê europeia e divulgaram, originalmente, a música "174".
“Conhecemos o Taylan na nossa primeira turnê internacional, em 2015. Ele veio com uma proposta de fazer um documentário nosso, e o Taylan seguiu acompanhando a nossa carreira desde então. Ele é um diretor/artista incrível e muito talentoso, sempre nos abraçou pelo fato de acreditar no nosso trabalho, nunca foi por interesse nenhum, sempre foi pelo coração. Quando nos propôs fazer um clipe de protesto, foi uma grande realização pra gente, pois, sempre tivemos a vontade de mostrar pros nossos fãs esse nosso lado mais bruto”, conta Jay.
“Ter conhecido elas fez com que eu tivesse um entendimento mais amplo, sensível sobre questões humanas, de racismo, privilégio branco, misoginia e ser parte de uma comunidade marginalizada”, conta Mutaf.
Confira o videoclipe:
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