Foto: Alexandre Sant'Anna
Um álbum cheio de cores, intensidade, serenidade e positividade. Assim soa "O Ouro do Pó da Estrada", 38° disco da paraibana Elba Ramalho, que conta com 13 faixas de diversos compositores. A voz da leoa do nordeste ecoa firme e forte desde a primeira faixa, "Calcanhar" (Manuca Bandini, Yuri Queiroga, 2013), canção que demonstra a mistura entre o rock e o forró, com uma pegada contemporânea que dá tom diferencial ao disco.
A ponte entre as raízes de Elba e a modernidade sonora dão valor jovial a obra, em especial, pela mistura calcada pela vibração do xote, dos beats, do forró, dos violões e das guitarras. As letras mostram, em sua maioria, paz e positividade.
Quase que na mesma nuance é "Se Não Tiver Amor"(George Sauma, 2018), que conta com toques leves de guitarra que contribuem, em namoro com a sanfona, para a atmosfera leve que a canção leva até o ouvinte.
Já "O Mundo"(André Abujamra, 1995) sai um pouco do padrão positivo e colorido do álbum. Elba divide voz com Roberta Sá, Lucy Alves e Maria Gadú em faixa que trata, com base sonora grave e oculta, dos males feitos pelo homem e da diversidade global. "Por que você me trata mal?/ Se eu te trato bem?/Por que você me faz o mal?/ Se eu só te faço o bem" , diz refrão. Foto: Mana Bernardes
A canção que deixa mais explícita as raízes da cantora nordestina é "Oxente"(Marcelo Jeneci, Chico César, 2018), música com batida forrozeira arretada, baseada na sanfona, triângulo e zabumba. Ainda houve espaço para uma versão de "Princesa do Meu Lugar", composição de Belchior nunca gravada em estúdio pelo cantor.
Já a faixa-título é uma canção inédita de Lula Queiroga em parceria com o sobrinho, Yuri Queiroga. A música é sobre os caminhos da vida. De despedidas, mas, ao mesmo tempo, de novos ares.
"O Ouro do Pó da Estrada" foi produzido pelo próprio Yuri Queiroga, em parceria com Tostão Queiroga. O disco, lançado pela gravadora carioca Deck, é com certeza um dos primores de 2018. Elba Ramalho mostra no registro, naturalmente, que ainda é jovem, que tem muito fôlego, mas que também é madura. É um álbum para dançar e para ouvir quietinho, na paz íntima de seus fones de ouvidos.
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