Foto: Divulgação/Vira Comunicação
Nascida no bairro do Irajá, no Rio de Janeiro, Gabrielly Nunes, a Gabz, é uma das mais jovens rappers a adentrar o cenário musical brasileiro. Destaque neste ano por apresentar os singles "Do Batuque ao Bass", "Bota a Cara" e "O Baile É Nosso", a cantora é sinônimo de ousadia e afrontamento.
Por um tempo, Gabz foi atriz mirim na Rede Globo. Figurou em algumas novelas e chegou a fazer um filme da Xuxa. A constante transição entre o Irajá e o Projac fez a carioca repensar os seus passos e fazer uma conexão maior com suas origens. Esta conexão veio nas batalhas de rap. "Eu costumo dizer que é algo transcendental. Tudo que passei foi necessário para estar onde estou, isso sempre foi meu sonho", conta a cantora.
Hoje trabalhando com Bruno Costa, mesmo empresário que trabalhou com Jade Baraldo, a artista vai aos poucos, em uma mistura crítica e pop, conquistando mais fãs.
Conheça mais de Gabz em entrevista que a cantora concedeu ao Eufonia:
EB: Apesar de muito nova, você já tem uma vivência bem grande. Como você se sente ao olhar por tudo que já passou, desde o seu início como atriz, as coisas que você observou, até a vontade de cantar e de compor? Você sente que entrar nesta área da musica foi o que você deveria mesmo ter feito?
Gabz: Eu costumo dizer que é algo transcendental. Tudo que passei foi necessário para estar onde estou, isso sempre foi meu sonho! Apesar de ter trilhado outros caminhos com 16 anos. Quando fui para faculdade, quando tive medo da carreira artística, ainda sim, era meu sonho ou até mais que isso. Uma necessidade! É a coisa que eu faço e sinto que sei fazer ,sabe? Todo mundo devia ter essa sensação.

Gabz: Eu sei que elas fazem parte. Eu tento filtrar porque as pessoas perdem a linha no que é crítica, principalmente hoje com a internet. Além disso, eu confio no meu trabalho, ele é muito pessoal, é como expor a alma, então tenho cuidado com isso.
EB: Você coloca rimas bem contestadoras, extremamente ricas em referências. Olhando de fora, parece ser uma coisa muito difícil. Como que você começou a escrever, o que te instigou para isto e como você foi aperfeiçoando este dom?
Gabz: Eu escrevo desde que aprendi a escrever, com seis anos. Lembro de uma história muito engraçada, quando eu tinha nove anos. Mandei um e-mail para Conspiração, uma produtora de filmes, perguntando se eles precisavam de escritores, e o pior que me responderam! (risos). Mas eu acho que o aperfeiçoamento veio com a leitura, eu tenho uma escrita pouco técnica e mais intuitiva, então, a prática me ajudou também. Costumo dizer que tem duas coisas que sempre vou fazer mesmo que não ganhe dinheiro com isso: escrever e cantar no chuveiro. Foto: Divulgação/Vira Comunicação
EB: Estamos vivendo uma época de muita produção cultural, mas muitas coisas ficam presas em nichos. Pela sonoridade das suas canções dá para perceber um apelo pop, mas o discurso é bem ousado, sem eufemismos. Você acredita que dá para chegar em um público grande mantendo este conceito?
Gabz: Essa é minha missão de vida, a arte, para mim, só completa seu ciclo quando toca o outro. Eu quero expressar meu subjetivo de uma forma que as pessoas possam se deixar tocar, sabe? E é possível, sim. O samba fez isso, o funk, Elza já fez, Rita lee também, além de Tins e Bens e tais, como diria caetano.
EB: Ouvindo os três singles que você lançou, percebemos uma pluralidade grande, que vai do funk até detalhes do reggae. Como que foi sua formação, como ouvinte? O que você ouvia dentro de casa que bagunçava sua cabeça?
Gabz: Gente do céu, é uma doideira isso! Minha casa sempre foi muito musical, dia de domingo a gente faxinava a casa e cada um colocava um som. Aí vinha minha mãe, com Secos e Molhados, meu pai com rock anos 80, Nação Zumbi. E olha meu pai amava estrelas pop, sério. Eu sei Cindy Lauper de cor. Além do movimdnto hip hop e black music, fui influenciada pelo meu meio e, claro né gente, pagode e funk não ia faltar!
Eu falo muito disso porque cresci com muitas influências músicas e elas falam muito sobre mim, sobre minha geração que está em muitos lugares e tem muitas referências.
EB: Em meio a esta onda conservadora, como você vê a questão de esperança e de sonhos, mesmo, para um ou uma jovem negra de periferia?
Gabz: Eu acho um momento delicado e perigoso, mas não surpreendente. Acho pessoalmente que momentos conservadores às vezes nos dão norte. A maioria dos “novos conservadores” antes só tinha m medo de falar seus preconceitos, mas estavam lá. Precisamos nos organizar para não perdermos direitos.
EB: Qual o seu maior sonho no momento?
Gabz: Eu já acho que estou vivendo um sonho, mas... acho que agora meu maior sonho é um álbum bem sucedido. Vou trabalhar muito pra que isso aconteça.
EB: Para terminar, o que vem por aí?
Gabz: Por enquanto sei que temos single no início do ano e alguns shows. Estou focada no estúdio agora, para soltar bastante som!
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