Entrevista: "Gostaria de ser considerada uma das melhores de minha geração", conta Virgo

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Saiu do forno, ou melhor, veio à luz do dia. Quem vê a data de lançamento do primeiro EP de Virgo, título do disco e nome artístico de Larissa Soares, pode pensar que as músicas estão realmente quentinhas. Mas as composições estão prontas e gravadas desde 2016, embora, foram lançadas somente no início deste ano. Claro, as músicas tiveram todo o carinho, atenção e cuidados antes de conhecerem a rua. "Só parei de trabalhar no EP porque precisava concluir essa fase. Eu gravei as faixas em agosto de 2016, mas só liberei agora, em janeiro", conta a cantora.

Com apoio, arranjos e produção do maestro Ivan Paulo, Virgo apresenta cinco canções, repletas de elementos, mas sem fugir da música popular. Em entrevista ao Eufonia, a cantora se apresenta, fala de sua música e onde quer chegar. Confira abaixo:

EB: Em "Canto" você cita várias de suas influências. Mas, por que ser cantora? Como que veio esta vontade e quando que você realmente decidiu que iria tentar?
Virgo:  Eu sempre digo que, apesar de ser cantora, sou compositora antes. Na verdade, só canto porque escrevo. Eu não teria interesse em cantar canções feitas por outras pessoas. Neste sentido, o desejo de cantar nasceu por necessidade. Eu comecei a compor por volta dos 11 anos de idade, e eu morria de vergonha que alguém lesse o que eu escrevia. Então, passei a cantar minhas próprias músicas e, embora percebesse as limitações da minha voz, naquele momento era o que eu precisava: uma voz. 

A partir daí eu passei por diversas fases. Desde odiar a minha voz até amá-la do jeitinho que ela é. Eu aprendi que toda voz pode ser usada de um jeito único, por mais que seu timbre não seja único. Sendo que é uma busca eterna. E sobre a decisão de tentar, eu costumo dizer que eu tinha duas escolhas: ser infeliz ou ser feliz. Eu seria infeliz se tivesse escolhido outro caminho que não a música. Eu decidi ser feliz com a música, mesmo que isso signifique passar por maus bocados.

EB: Da onde que veio o nome Virgo, tem alguma coisa a ver com astrologia?
Virgo: Sim! Conforme eu falo em "Zodíaco", meu ascendente é em Virgem. Quando descobri há uns anos, levei um susto, porque eu sou a pessoa mais desorganizada do planeta. No entanto, aprendi que não é só sobre isso e comecei a me identificar demais. Daí, surgiu Virgo.

EB: O quanto que foi importante a presença do maestro Ivan Paulo no disco e como que você chegou até ele?
Virgo: A presença do maestro Ivan foi de extrema importância. Eu tinha acabado de fazer 20 anos e a experiência que eu tinha era a de escrever músicas dentro do meu quarto, as quais eu nunca tinha mostrado para ninguém. Ele foi um gênio e muito atencioso. Ouviu minhas ideias com paciência e fez questão de adotá-las (como os 20 segundos de sopro no começo de "Canto" e no restante da música) para que o EP tivesse a minha identidade também. Trabalhar com ele foi uma experiência enriquecedora que eu vou levar para o resto da minha vida. Eu o conheci através de um amigo da minha mãe, que é músico e já tinha trabalhado com ele. Ele ouviu o que eu queria fazer e me recomendou o maestro Ivan, por achar que tinha tudo a ver.

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EB: A última música do EP. "Close To Her", é uma música em inglês. Na nossa música popular, culturalmente, não valorizamos muito canções feitas aqui em outra língua. O que vem de fora sim, mas o que é feito aqui dificilmente é dado muita atenção. Queria saber se você concorda com isto e se você pensou nisto quando fez esta canção, que é a música de trabalho, certo?
Virgo: Eu concordo plenamente, mas eu não pensei nisso quando fiz "Close to Her". Eu gosto de pensar estrategicamente, mas eu optei por seguir meu instinto quando lancei "Close to Her" como o primeiro single. 

Quis me dar ao luxo de não pensar no mercado quando apresentei uma música em Inglês, de cinco minutos e meio, lenta, etc, ao público. Eu preferi apresentar versatilidade no lugar de um hit. Nem tudo são números e views. Por exemplo, alguns dos meus ídolos chegaram até mim porque assistiram "Close to Her" e vieram falar comigo, me parabenizando pelo meu talento e pela música. Eu nunca achei que fosse acontecer tão rápido. Isso prova que algumas coisas permanecem, outras não.



EB: Como que foi feita a escolha dos músicos para a gravação do EP? Olhando agora o disco pronto, você está satisfeita, supriu suas expectativas?
Virgo:  Existe uma característica em mim que os crentes em astrologia diriam que vem do meu ascendente em Virgem: eu nunca estou satisfeita. Profissionalmente, eu sempre tenho a sensação de que qualquer coisa que eu fiz poderia ser ter sido melhor. Apesar disso, eu fiquei muito feliz com o resultado do EP. Só parei de trabalhar nele porque precisava concluir essa fase. 

Eu gravei as faixas em agosto de 2016, mas só liberei em janeiro de 2018. Chega uma hora que o ciclo precisa ser fechado. Não há mais nada que possa ser feito. Eu trabalhei com músicos incríveis e super experientes que me foram apresentados pelo maestro Ivan Paulo. Todos já tinham trabalhado com algum ídolo meu, o que me fez ficar mais nervosa na hora de gravar. Mas foram incrivelmente gentis e deram o melhor de si.

EB: E onde você quer chegar no âmbito musical? Quais os projetos futuros?
Virgo: Eu tenho dificuldade para enxergar muito longe na minha carreira. Eu vejo um borrão. Porém, eu acho que meu maior propósito é estar em constante evolução. Tenho escrito coisas novas para projetos futuros e, apesar de manter minha identidade, já soa completamente diferente. Eu gostaria de ser considerada uma das melhores da minha geração. Quero fazer shows no mundo todo, mesmo que em casas pequenas e ter uma certa estabilidade profissional. Eu tenho esse mês de março inteiro planejado, mas não sei o que vai acontecer nos próximos meses ou nos próximos anos.


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