Entrevista: Laura Petit encara os desafios da música e coloca seu primeiro álbum no mundo

Foto: Rosano Mauro Jr

Lançando seu primeiro álbum, "Monstera Deliciosa", Laura Petit confirma com exatidão que quer seu lugar na música. O trabalho é seu primeiro disco cheio. A cantora tem no currículo dois EPs, "Onde o Vento Faz a Curva”(2012) e “Manacá Dente Saudade”(2015), além de uma bagagem que vem de dentro de casa. Reúne música e dança. Apaixonada por piano, nascida em Brasília, porém criada desde pequena em Curitiba, Petit canta o feminino, se liberta e coloca sua música no mundo.

“Penso que a mulher eu lírico do disco é livre e isso assusta. Acho que ela nem sempre foi livre, mas se sente assim agora. Isso reflete na maneira como reage diante da alegria e da melancolia. Ela gosta de estar só e isso não significa que despreza companhia”, explica Laura. "Não era um plano falar sobre o feminino. Quando ouvi o disco pronto, percebi que tinha um álbum inteiro extremamente feminino. Ele saiu de mim sem eu perceber”, finaliza.

Confira nossa entrevista com a cantora:

EB: Laura Petit, brasiliense ou curitibana
Laura: Difícil essa. Mas costumo gostar de contar que sou brasiliense. Curitiba é minha casa e sempre será, morando ou não aqui. Mas Brasília é sempre um abraço quente que me dá a sensação de lar. Aliás, foi passando férias lá que comecei a compor, quando tinha uns dezesseis. Brasília me dá calma. Mas sempre adorei morar em Curitiba.

EB: 23 anos e já conta com uma bagagem considerável. Como era seu contato com a música na infância?
Laura: Talvez não mais que tantas outras crianças, mas acho que eu absorvia e me emocionava muito. Mas sem dúvida, as aulas de dança me aproximaram muito do universo musical. Me encantava dançar sempre acompanhada por um pianista. As músicas daqueles anos de espetáculos até hoje me emocionam. Lá em casa também era uma delícia. Minha mãe nos acordava sempre com música, nos presenteava com CDs. Meu pai me mostrou músicas que se tornaram minhas favoritas. A música estava dentro de mim. Nas danças e nas assovios, que nunca cessavam.

EB: E quando foi que você decidiu que queria mesmo trabalhar com música?
Laura: Acho que a decisão foi acontecendo dentro de mim, até eu perceber que ela já estava tomada. A música invadiu minha vida da melhor e mais deliciosa maneira possível. Não havia como ser diferente.

Foto: Rosano Mauro Jr

EB: Antes de lançar “Monstera Deliciosa” você já teve diversas experiências em estrada além de dois EPs. No que mais você sente que amadureceu neste tempo todo?
Laura: Esse intervalo de tempo foi importante e necessário pra esse disco acontecer. Além de alguns anos a mais, algumas experiências fizeram parte desse processo. Me dediquei a estudar. Me aprofundei no canto e descobri o piano. Fiz um curso lindo de interpretação pra cantores. E, muito importante, passei muito tempo sozinha.

EB: Você pensou em lançar um disco cheio anteriormente? 
Laura: Antes do Monstera havia sim o desejo de gravar um disco, mas as ideias ainda não se completavam para que o projeto fosse pra frente. Ainda era sonho. A coisa começou a acontecer quando eu percebi que eu talvez precisasse dizer mais do que havia sido dito nos dois primeiros EPs. Havia algo de fome que fazia com que as coisas acontecessem muito rápido e as ideias se tornassem reais. Escrevi todas as músicas especialmente para estarem juntas no álbum. Com o plano do disco, vieram também à cabeça nomes com os quais eu gostaria de trabalhar. Entrei em contato com todo esse povo e assim a coisa foi acontecendo lindamente. Foto: Dino Bacciotti

EB: E como foi colocar em prática projeto de "Monstera Deliciosa"? Sabemos que seu último EP, “Manacá Dente Saudade”, é de 2015. 
Laura: Foi tudo bem natural, não muito planejado. Algum tempo depois do segundo EP, me percebi diferente e afim de finalmente fazer o disco. As ideias agora pareciam iniciar um outro ciclo.

EB: Podemos dizer que “Compressa” é uma música bem visual. Você vê que a música, em geral, é também uma espécie de fotografia?
Laura: Acho que sim. A ideia da música, inclusive, partiu de um desenho no caderno de ideias da Raquel Dimantas, com quem escrevi a canção. Uma mulher que costurava dentro de um elevador. Outras músicas do disco são também bastante visuais, como "hotel solitude" e "pimenteira". Há algo de cinematográfico na imagem que elas desenham. 

Capa de "Monstera Deliciosa"/ Foto: Rosano Mauro Jr; arte: Raquel Dimantas

EB: Você também é bailarina. Você faz esta junção de música e dança nos shows? Como é isso?
Laura: A dança está sempre dentro de mim. Difícil eu sentir uma música e não transbordar através do corpo. Assim acontece nos shows, mas nada ensaiado. O corpo reage àqueles sons e todo show é sempre diferente.

EB: No disco há também uma versão de "Tarado" (Caetano Veloso/Jorge Mautner). Por que a escolha da música?
Laura: Essa música quem sugeriu foram o Estevão Casé e o Eduardo Manso, que produziram a faixa. Eu estava pensando até então em gravar outra canção do álbum "Eu não peço desculpas" do Mautner e do Caetano. Em algum momento do debate os meninos lembraram de "Tarado". A gente achou que casou perfeitamente com o disco. Além de ser uma música que a gente adora e nunca havia sido regravada.

EB: Finalizando, qual o maior desafio para Laura Petit a partir de agora?
Laura: São muitos e grandes. Colocar o disco no mundo foi uma vitória. A música é sempre desafiadora. Espero continuar assim.

"Monstera Deliciosa" foi gravado no estúdio RockIt!, no Rio de Janeiro e foi produzido por Felipe Fernandes, Eduardo Manso e Estevão Casé. Ouça:


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