Foto: Haroldo Saboia
Soledad, nome sucinto e forte. Força essa expressa no primeiro álbum da cantora, homônimo, lançado no início deste ano em diversas plataformas digitais. Cearense, já está há dois anos em São Paulo. Sua voz, mesmo que suave, consegue captar a intensidade exposta na sonoridade de suas músicas. Esta mistura, que encanta e seduz seus ouvintes, forma a delicada euforia de Soledad.
Com show marcado para o próximo dia 15 em São Paulo, a cantora conversou com o Eufonia sobre a atual cena feminina no país, além de claro, detalhes de sua carreira e de seu primeiro álbum. Leia a entrevista na íntegra:
EB: Soledad é um álbum que vem se devolvendo desde quando?

EB: "Jardim Suspenso" , segunda faixa do álbum, tem a participação de Fernando Catatau. A música consegue ter ao mesmo tempo uma sonoridade intensa, uma letra dramática e sua voz suave. Esse resultado se deve a parceria com Catatau na canção?
Soledad: Na verdade ela já existia nessa intensidade quando fechamos o arranjo, mas eu e os outros músicos que produziram o disco, Vitor Colares, Bruno Rafael, Guilherme Mendonça e Felipe Lima, sentíamos falta de algo que costurasse justamente isso que você falou: sonoridade, voz e letra. Tinha que fazer o desabafo que a canção faz gritar e que fosse delicado e violento ao mesmo tempo. O que, por vezes, o amor é! Nessa decidimos que seria um solo de guitarra, até pra pesar mais o "roquenrol" da música, e que o Fernando teria essa sensibilidade. Aí liguei, pedi e ele topou! (risos). A gente gravou aqui em São Paulo e ele em Fortaleza. Chorei quando ouvi os áudios que ele mandou das guitarras! É muito doido você ver a música-sentimento se tornar "concreta". Foi emocionante porque essa é uma das canções do disco que mais mexem comigo.
Foto: Jamille Queiroz
EB: “Soledad” é um álbum de pouco mais de 30 minutos. Antigamente se fazia muitos álbuns curtos e vejo que isso está voltando, muitos artistas estão optando até por lançar EPs em vez de álbuns cheios por exemplo. Você vê que é melhor trabalhar em menos músicas , já que tantas coisas são lançadas hoje em dia e de repente pode se perder muita coisa se for lançado em uma quantidade maior?

Não acredito muito em fórmulas, até porque elas mudam o tempo todo a medida que a globalização evolui, a gente decide se adequar ou não. Pode ser que um dia um single baste para mim e para a história que eu quero contar.
EB: Eu vejo a cena atual com nomes femininos fortes e vindos de todo o país. Como você analisa isso?
Soledad: É A MELHOR COISA DO MUNDO!! VIVA AS MUJERES!!!
A música é um meio exageradamente machista e, sinceramente, a gente cansou. Estamos decididas a existir com todo a nossa potência, e isso não é só no meio musical. Tá no cinema, na política, nas escolas ocupadas, em tudo que estiver vivo. Esse movimento tem acompanhado a história da luta feminista e, consequentemente, do nosso empoderamento. Somos completamente capazes de criar, de comandar, de filosofar, de pensar, de arranjar uma música ou fazer uma letra... muito ao contrário do que vem sendo dito há milênios. Esse papo de que a mulher nunca se destacou na música porque não se esforçou pra isso é balela. Nunca nos permitiram, essa é a verdade. Acabamos escondidas! Agora a porra toda mudou né?! O feminismo nos ajuda a existir, fortalece, nos encoraja! A arte é (também) um ato político, então é natural que se expresse na música, que tenhamos mulheres, como a Karina Buhr, que falam sobre isso de uma maneira tão forte, consciente e contagiante. O mundo precisa se conscientizar disso, QUE VENH@M MAIS, NINGUÉM NOS SEGUR@!
Soledad: A arte será (também) sempre um ato político
EB: Sua música é um retrato do seu interior? Ouço muitos dizerem que fazer arte é se colocar para fora. É isso ou ainda é mais complexo?
Soledad: Totalmente. É um álbum de fotografia todinho e gigante, isso pra mim! E se tratando de gente nunca é tão simples, né?! Como diz Zé Ramalho: "Freud explica", ou Lacan no meu caso.
EB: Qual é o maior desafio de uma cantora com um trabalho de estreia?
Soledad: Sinceramente? Eu tô descobrindo ainda! Gravar o disco já foi um desafio gigante e ainda não terminou. Somente essa semana consegui meios pra mandar prensar. Acho que vou começar a sentir isso agora, depois do show de lançamento. Mas posso te dizer que, sendo uma mulher nordestina nunca vista em uma cidade como São Paulo, tem sido uma viagem dura as vezes. Espero conseguir ultrapassar isso.
EB: O que esperar de um show seu?
Soledad: Sinceramente, não sei te dizer bem. Cada show é diferente, é uma energia que me bate, é uma música que a banda toca de outro jeitinho, é uma entrega que tem a ver com o que eu sinto naquele dia/momento, e isso, é intenso.
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