Haroldo Ferretti, baterista do Skank, fala sobre edição comemorativa de "O Samba Poconé"

O Skank voltou 20 anos e trouxe para seus fãs materiais nunca divulgados dó álbum "O Samba Poconé". Demos, versões de ensaio e remixes fazem parte de um disco comemorativo, presente em 3 volumes, sendo o primeiro com as versões originais. Lançado depois de Calango( 1994), disco que vendeu cerca de 1,2 milhão de cópias, Samba Poconé mostrou que o Skank veio para firmar posto entre as maiores bandas do rock nacional, afinal não era fácil manter o sucesso do disco anterior.

A banda mineira vem fazendo shows com um certo destaque para o álbum de 1996, o próximo acontece no dia 26 de novembro, na Audio Club.  Para falar um pouco mais sobre os shows e o disco comemorativo, convidamos o baterista Haroldo Ferretti, responsável por guardar o material usado no disco triplo. Confira entrevista:


Foto: Divulgação



EB: O Skank conseguiu um sucesso imenso com o álbum anterior, Calango. Vocês sentiam uma certa pressão para fazer um álbum no mesmo nível ou melhor, até por ser apenas o terceiro álbum da banda?
Haroldo: Sem dúvida existia pressão. Depois de uma venda muita expressiva e grande sucesso de rádio (tivemos 5 ou 6 singles no calango), foi natural que viessem cobranças de fora e mesmo de dentro da banda. Isso se transformou em um desafio e mantivemos a mesma tranquilidade para preparar o álbum seguinte, que acabou superando o resultado do Calango.

EB: Você e o Dudu Marote, produtor da banda, guardaram essas demos, versões de ensaio, enfim. Em todos os discos gravados ocorre essa preservação de material, ou com o Samba Poconé vocês viram que a coisa seria especial e resolveram guardar para um futuro projeto?
Haroldo: Não. Tenho o hábito de guardar muito material, principalmente de áudio, desde o inicio da banda. Talvez pelo fato do estúdio ser na casa dos meus pais e eu era quem apertava o Rec do gravador e saía tocando. Mantinha organizado tudo que fazíamos e guardei desde o início muita coisa que não foi e nem será lançada. Nesse projeto privilegiamos algumas músicas em seus estágios bem embrionários, outras já com uma cara mais bem acabada, digamos, uma demo de luxo e ainda colocamos uma inédita, Minas com Bahia, que na época gravamos para ser enviada a Daniela Mercury que colocou em seu álbum lançado na mesma época.

"Acredito na fórmula de muito trabalho, dedicação e música boa. Isso é quase infalível e atemporal"


EB: Vocês já tinham pensado em utilizar este material antes? Como foi decidido que esta era a hora de trabalhar nisso e fazer um álbum triplo? Além do aniversário de 20 anos do disco, alguma outra coisa pesou?
Haroldo: O motivo foi justamente por comemorar 20 anos de lançado de um álbum muito emblemático para o Skank. Não faremos isso com todos, nem sei se faremos com mais algum. Pode ser, se garimpar, acho muita coisa de outros álbuns também.

Foto: Divulgação


EB:  O videoclipe de “Garota Nacional” ficou conhecido por ser um dos mais ousados no rock nacional. Você vê que falta esta ousadia hoje em dia, tanto para as bandas novas como as mais antigas? Já pegando esse gancho, você vê que o rock está careta hoje em dia, a ponto de ser, visando alguns músicos e bandas, conservador?
Haroldo: Bem, o clipe foi considerado ousado por alguns mas confesso que nunca entendi muito o porquê. Por ter peitos femininos à mostra? Pra mim isso não é motivo. Não sei se falta ousadia hoje em dia, talvez no mainstream, mas se procurarmos em bandas independentes, posso acreditar que acharemos muita coisa legal seja de rock, reggae, pop..



EB: Vocês se apresentam em São Paulo no dia 26 de novembro com a turnê comemorativa. Esta turnê vai continuar em 2017? O repertório contém só músicas do “Samba Poconé”?
Haroldo: Bem, a ideia inicial dessa turnê era fazermos 4 shows, mas agora já são 20. Passaremos por várias cidades do Brasil. Na realidade é um show da turnê Velocia, ou seja, com músicas do nosso mais recente algum ,mas também, com várias da nossa carreira. No meio do show abrimos uma espécie de suite para tocarmos 8 músicas do Samba Poconé.

EB: A única canção que não estava no Samba Poconé é “Minas Com Bahia”, uma música já gravada anteriormente pelo Samuel Rosa e Daniela Mercury, certo? Por que da escolha desta canção e qual a conexão dela com “O Samba Poconé”?

Haroldo: Como falei na outra resposta, ela é contemporânea ao momento de composição do Samba Poconé. Como tínhamos a demo bem gravada, achamos que nosso público gostaria de escutá-la com o Skank tocando.

Foto: Divulgação

"Não sei se falta ousadia hoje em dia, talvez no mainstream, mas se procurarmos em bandas independentes, posso acreditar que acharemos muita coisa legal, seja de rock, reggae ou pop."


EB: O Skank tem grandes sucessos que já são considerados atemporais, como “ Uma Partida de Futebol”, “Dois Rios”, “Ainda Gosto Dela”, e muitas outras. Qual o segredo para isso, e você acha que fazer músicas, que tenham tal repercussão por tantos anos, é mais difícil hoje em dia, levando em consideração que o público tem uma diversidade imensa de conteúdo na internet, o que cria a possibilidade de músicas caírem no esquecimento mais rápido?
Haroldo: Bem, explicar um sucesso não é tarefa das mais fáceis. Felizmente temos muitas músicas conhecidas desde o início da carreira. Nessa época, pelo bem ou pelo mal, as pessoas tinham acesso ao que tocava nas FM’s, o que aparecia nas TV’s e a partir daí existia um caminho mais delineado para a banda se lançar. Não que isso seja o bastante pois várias bandas dos anos 80, 90 e mesmo dos 2000, tiveram acesso a isso e acabaram no esquecimento. Hoje, o público pode escolher o que escutar pelos canais digitais, então gravar e lançar um música não basta. Tem que ganhar visibilidade e ai podem existir várias ferramentas para ajudar nisso, mas ainda acredito na fórmula de muito trabalho, dedicação e música boa. Isso é quase infalível e atemporal



EB: Para finalizar, quais os planos do Skank para além das comemorações do “Samba Poconé”?
Haroldo: Ainda não falamos se faremos algo novo no ano que vem. Devemos seguir na turnê do Velocia , fazendo alguns do Samba Poconé, e existe a idéia de no final gravarmos um DVD desse show


Show comemorativo "O Samba Poconé", na Audio Club
Quando: 26 de novembro
Onde: Audio Club - Av. Francisco Matarazzo, 694 - Água Branca - São Paulo - SP
Ingressos: De R$ 50,00 a R$ 250,00 reais
Vendas: Ticket 360

Agradecemos a Haroldo Ferretti e assessoria de imprensa do Skank pela atenção e simpatia!













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