Entrevista: Em novo álbum, Pepeu Gomes é inspirado por busca pessoal com Deus

Foto: Daryan Dornelles

Inquieto, criativo, inspiração para tantos e tantos artistas por aí. São muitas qualidades, é verdade, mas a "reinvenção" de Pepeu Gomes, por meio de seu novo disco, "Eterno Retorno", passou quase imperceptível, até mesmo pelos especialistas, no longo, mas não distante, 2018. O álbum é o primeiro do artista em 25 anos e não traz aquilo que chamamos de mais do mesmo. É um novo Pepeu, que dá espaço para "sons modernosos", eletrônicos, indies ou como preferir.

"A diferença de agora para um tempo atrás, é a minha forma de pensar…por isso procurei um caminho para me renovar como artista. Acho que de certa forma, eu consegui esta façanha pois, todas as pessoas que ouviram o meu novo álbum sentiram esta mudança", conta.

Porém, o mesmo Pepeu está ali. Seja o garoto baiano que, aos 11 nos de idade, já fazia parte de um grupo chamado Los Gatos, o eterno guitarrista dos Novos Baianos ou o hitmaker que lançou sucessos, em carreira solo, como "Sexy Iemanjá".

Em entrevista ao Eufonia, o cantor nos contou sobre seu novo álbum, o mercado fonográfico e a turnê de seu mais novo trabalho. Confira:

EB: Pepeu, "Eterno Retorno" é o seu primeiro álbum em 25 anos. Fazendo um comparativo, o que você sente de diferente entre hoje e 25 anos atrás em questões de maneira de fazer e de ouvir música, o Brasil atual e o seu momento pessoal? O quanto estas coisas interferiram em seu novo disco?
Pepeu: A diferença de agora para um tempo atrás, é a minha forma de pensar…por isso procurei um caminho para me renovar como artista. Acho que de certa forma, eu consegui esta façanha pois, todas as pessoas que ouviram o meu novo álbum sentiram esta mudança. O Brasil atual não é o meu momento pessoal. A minha cabeça, no momento, está muito mais para a situação mundial e a música universal. Nada interferiu no meu processo criativo, que foi construído em uma busca pessoal minha com Deus.

EB: Em 1979 você lançou o disco "Na Terra a Mais de Mil". Era uma época de mudanças na indústria fonográfica e da música popular brasileira, que começava a dar um valor maior para a música dance. "Eterno Retorno" também sai em uma época ímpar e de mudanças. Como é para você observar estas atmosferas, trabalhar para que a música soe atual mas não perder a sua identidade?
Pepeu:  O mercado fonográfico no Brasil anda muito fraco e todos torcemos para uma melhora a curto prazo. Acredito que com a valorização das canções, podemos contribuir muito para perpetuar nossas obras. Foto: Daryan Dornelles

Sobre a chegada do dance, acho que não passou de mais uma moda brasileira, pois o samba está ai há mais de cem anos.

EB: Uma das coisas que você sempre foi incluído foram os temas e aberturas de novelas. Não sei se tem acompanhado, mas você acredita que as trilhas de novelas ainda são bem trabalhadas e continuam importantes para a divulgação do trabalho dos artistas, tendo em vista que a popularidade destes produtos de televisão vem abaixando?
Pepeu: Trilhas de aberturas de novela e personagens sempre foram uma ajuda bem vinda. Acho que cada vez mais temos que fazer canções que enriqueçam os personagens e as aberturas. Em um país onde a crítica é pouco democrática, qualquer ajuda em termos de mídia televisiva será bem vinda.

Foto: Divulgação


EB: A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, declarou que "neste novo governo, menina será princesa e menino será príncipe". Primeiro, gostaria de saber a sua opinião sobre o posicionamento da ministra e se faz sentido pensar em "Masculino e Feminino" como um contraponto ao discurso?
Pepeu: "Masculino e Feminino" partiu de uma situação pensando que Deus está dentro do menino e da menina, do homem e da mulher, o Espírito Santo não tem sexo.

Desde que me entendo por gente, menino sempre foi príncipe e menina sempre foi princesa. Se as coisas estão mudando, não tem nada a ver com a minha maneira de pensar, acredito que seja respeitoso aceitar o livre arbítrio de cada um.



 EB: "Eterno Retorno" tem uma sonoridade que, no geral, é calma, com alguns pontos de intensidade. Ao fazer um disco você pensa nestas coisas? Por exemplo, "agora quero fazer um álbum mais equilibrado, então vou fazer deste jeito", ou geralmente, de tão natural que é a coisa, você só percebe quando está pronto? Como funciona esta fomentação do disco, em especial no conjunto músicos e produtores?
Pepeu: As coisas fluem naturalmente, faz parte da minha formação musical. Geralmente faço a musica primeiro, depois o poema, na sequencia os arranjos combinado com os produtores. Mas, de uma maneira geral, todos participam. Acredito que, envolvendo varias pessoas é a melhor forma de criar algo abstrato.

EB: Como é para você, um artista com uma discografia grande, lançar um disco em show? Existem artistas que deixam os hits descansando para só tocar músicas novas. Tem aqueles que cansam também de tocar os hits. Como é para você montar o repertório? Tocar os hits é importante?
Pepeu: É muito importante tocar os hits pois, tem fã que vai aos shows só para ouvir a sua musica preferida. Quando monto o show, tenho este cuidado: coloco as músicas do álbum novo e alterno com as canções de sucesso.

EB: Para finalizar, teremos muito Pepeu Gomes em 2019? Quais os planejamentos para este ano?
Pepeu: Estamos apenas iniciando nossa tour "Eterno Retorno". Seguiremos pelo Brasil…

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