Entrevista: Saudades, amores e estrada inspiram novo álbum de Jonavo

Foto: Rafael Renzo

Com o pé na estrada. Assim tem sido a vida de Jonavo durante os últimos anos. Proveniente de Campo Grande, o cantor está há seis anos em São Paulo, porém, sempre com algum projeto itinerante, como o famoso Folk na Kombi. Durante tudo isto, o cantor projetou seu novo álbum, "Casulo". "Eu cheguei em São Paulo com vontade de abraçar o mundo e abracei. O meu mundo pelo menos (risos). Não é fácil lidar com dois projetos de tanta importância ao mesmo tempo, ainda mais estando na linha de frente, então precisei de muita terapia. Nesse tempo, eu também produzi e dirigi outros artistas e, confesso, que tudo isso contribuiu pra ir fazendo meu disco com calma e ainda mais experiência", conta o cantor. Foto: Sylvia Sanchez

O folk sempre esteve com o músico. Com um álbum no currículo, "Jonavo & Barulho Zen", o segundo, "Casulo", está com um pé na rua. Sai amanhã, 16, nas plataformas digitais, embora a versão física já tinha sido lançada no ano passado, em evento no Bourbon Street.

 "Quando olho pro 'Jonavo & Barulho Zen' eu vejo um menino muito determinado, cheio de sonhos e poesias lúdicas. Quando olho pro 'Casulo', vejo esse menino se transformando num homem, revendo valores, buscando uma unidade, uma voz. É bom amadurecer né? Acabei de fazer 30 anos, vejo a estrada diferente agora", declara,

De maneira natural, o folk é incorporado nas canções de Jonavo. Na faixa-título do disco é possível ver a parte mais pop e intensa do álbum. "Eu identifiquei a veia principal do meu trabalho sendo folk, pois trata-se de uma textura, uma filosofia, um DNA musical que eu tenho, mas eu não componho pensando que a música vai caber nessa caixa ou naquela outra. E também não acho que o folk deva manter a pureza que tinha com o Bob Dylan e a Joan Baez nos anos 60. A intenção é fazer e mostrar essa veia na minha música, sem amarras", diz.

Foto: Sylvia Sanchez

Algumas parcerias, como de Renato Teixeira em "Musicando o Vento" e Maria Eugênia, irmã do cantor, em "Slackline in Love", complementam as 10 faixas do disco. "O Renato é um amigo querido. Acho que ele reconheceu em mim o cara que ele foi na juventude. é um cara de uma generosidade absurda, que sempre vem com bons conselhos e sabe tudo o que ainda vou encontrar nessa estrada. E essa música fala simplesmente disso, de "musicar o vento" mesmo em tempos difíceis. Acho essa canção muito cortante e ganhou um tamanho muito maior com a participação dele", ressalta.

Já "Slackline in Love" mostra mais uma face maior de afetividade, paixão e saudades. A canção mais bonita do repertório. "Esta música, ao contrário do que algumas pessoas pensam, não foi feita pra minha irmã. Ela foi feita pra uma garota que me apaixonei logo que saí de Campo Grande. Fala dessa idealização de alguém que está longe, mandando recados pelo celular. A Magê presenciou o processo de criação dessa música e todo o desenrolar ou 'enrolar' dessa paixão, então, eu nem sei como é cantar essa música sem ela", diz Jonavo.

E, claro, há seis anos longe de Campo Grande, as saudades iriam influenciar no processo de produção de "Casulo". Ao mesmo tempo, o disco mostra uma transição contínua entre o campo e a cidade. "Eu sinto falta de uma cadeira de fio e de uma varanda. Sinto falta de um bom papo na sombra de uma árvore. Sinto falta da minha família, do meu sobrinho que nasceu ano passado. Sinto falta de muitas coisas que deixei pra viver esse sonho. Acho que é por isso que muita gente não aguenta pagar esse preço da falta que essas coisas fazem. Eu transformo esta tristeza em música", declara. 

Viajante convicto, Jonavo já pensa na estrada e nos shows do novo disco, embora não tenha nada concreto ou confirmado. "Se a indústria me ajudar eu vou com a minha banda, mas se não ajudar, vou com meu violão, e vou de ônibus, carona, como for. O que eu quero é conhecer mais gente, respirar novos ares, tocar e cantar", finaliza. E a estrada lhe espera, Jonavo.






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