Entrevista: A evolução e os objetivos do Braza

Foto: Divulgação

Nicolas Christ (bateria), Danilo Cutrim (guitarra e voz) e Vitor Isensee (teclado e voz) formam o Braza, grupo com os dois pés na música africana, que adora a mistura, os novos sons e o experimentalismo. O trio está neste projeto desde 2016, um ano depois do fim do Forfun, quarteto em que os três faziam parte.

Mas os tempos são outros. Com dois discos de estúdio, sendo o último "Tijolo Por Tijolo", lançado em 2017 pela Deck, o Braza alcançou sua identidade e colocou outros sons na boca da galera. O trio se apresenta no último dia do Lollapalooza e é a nova entrevista de nosso especial. Por e-mail, o grupo resolveu assinar as respostas em conjunto. Confira:

EB:  Em "Tijolo Por Tijolo" vocês contaram com a participação de Sister Nancy. Como que rolou a parceria e como é este contato de vocês com a música africana? Podemos dizer que sem a música africana vocês não estariam aqui, certo?
Braza: Foi realmente uma emoção muito grande termos tido a participação da primeira MC do mundo. Sister Nancy é uma lenda viva. Pilar do reggae jamaicano e mundial.
O contato foi feito através do nosso produtor, Bruno Negreiros, que já havia feito o contato com o Mykal Rose, ex vocal do clássico Black Uhuru, que também nos brindou com sua participação uma música do nosso primeiro álbum.

Podemos dizer que o berço da humanidade é a África. Logo, o berço da música é a África. O Braza tem a busca das nossas raízes e origens como um de seus motores e, certamente, beber da música africana é resgatar nossas raízes. Curtimos muito o mestre Fela Kuti e sua família, mestre Manu Dibango, Sade, Miriam Makeba, Ali Farka Touré entre outros e outras..

Podemos dizer que sem a música africana não somente nós não existiríamos, como também não existiria a música.

EB:  Vocês passeiam muito bem pelo dancehall, reggae, hip hop, enfim. Já pensaram em fazer uma coisa mais experimental ou diferente? Alguma coisa em dub, por exemplo?
Braza: Flertamos com o dub em algumas composições e certamente queremos continuar a flertar com ele. Além disso, com certeza também pensamos em experimentar outros ritmos, em especial ritmos brasileiros.

EB: Agora que o Braza está estagnado, não sei se podemos dizer assim, mas o grupo se solidificou, de certa forma. Onde vocês querem chegar? Qual o próximo passo?
Braza: Lutamos para não nos sentirmos estagnados. Queremos sempre evoluir como pessoas, músicos, e projeto. O próximo passo é continuar compondo, fazendo música com verdade e seguir viajando.

EB:  Muita gente ainda pede muitas músicas do Forfun nos shows. Não caberia misturar estas músicas com as músicas do Braza por serem projetos diferentes ou há algo mais que impede isto? E como é lidar com os pedidos?
Braza: De verdade, não estamos recebendo pedidos para tocarmos músicas do Forfun. Temos muito carinho pelo nosso antigo projeto, mas nos alegra o fato de que as pessoas estão compreendendo o Braza como um outro projeto. Nascido do zero. Com outras influências e outras intenções.

Percebemos algumas pessoas nos shows que também apareciam nos shows do Forfun, mas também nos alegra ver que grande parte do público não nos conhecia antes do Braza.

Seria muito natural caso os pedidos acontecessem. E levaríamos com leveza. Entretanto ficamos felizes de perceber que o público entendeu que são projetos distintos. E, nos shows, realmente não têm tido pedidos de músicas do Forfun.

EB: Vocês hoje são em trio, mas tem a presença do Pedro Lobo também nos shows e nas gravações. Não pensam em efetivar Pedro como membro da banda?
Braza: Acreditamos que tudo acontece a seu tempo e se tiver que acontecer. O Pedro é um grande irmão e um grande músico e compositor. Neste segundo álbum fizemos quase que metade das músicas com ele. Se em breve ele entrar, será com naturalidade e como consequência de sua integração ao projeto.

EB: E o que podemos esperar do Braza no Lollapalooza?
Braza: Estamos muito empolgados para tocar neste festival espetacular que reúne artistas incríveis. Fora o público que sempre representa em massa. Esperamos um dia inesquecível e muita celebração e energia.


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