Em novo álbum, Lara Aufranc reflete a vida e o cotidiano com som afiado

Capa do álbum "Passagem"

Há algum tempo decidi que não escreveria textos opinativos sobre álbuns, pelo menos por enquanto, até porque eu não passo de um mero ouvinte sem nenhum dom especial, ou, pelo menos, não me sinto preparado para criticar discos. Mas há lançamentos que não tem jeito, que tocam de um jeito positivo, e que eu preciso mostrar, comentar, afinal não tem nada de errado nisso.

Foi na noite passada que decidi ouvir o novo álbum de Lara Aufranc, agora sem os Ultraleves. Eu já tinha visto todas as reverberações sobre o lançamento, mas diante de tanta coisa, ainda não tinha conseguido ouvir. Mas enfim veio a pedrada, e ouvi, não só na noite passada, mas umas quatro vezes nessa manhã e está rolando até agora. Na primeira execução, estava em minha cama e fui tomado pela grosseria, no bom sentido, da cozinha: baixo, batera e percussão. A vontade era de me remexer todo ali desde as primeiras faixas.

Fazia tempo que não sentia esta sensação. "Passagem", o dito lançamento pela YB Music/Matraca Records, traz o formato vintage, anos 70, mas ainda assim soa eletrônico e ao mesmo tempo pop, com uma boa pitada de samba. É na verdade uma explosão, com solos de guitarras milimetricamente nas horas certas. Lara passa força e, a banda, segurança, com letras reflexivas, que retratam o cotidiano, a vida e a própria cantora. Em "Sangue Quente", Lara se afirma e diz não ser de ferro.

No single "Passagem", o começo melancólico retrata a vida rotineira e, logo em seguida, a evolução que transforma a canção rápida e dançante. São no total 11 canções, que me pegaram de uma tacada só, apesar das metamorfoses.

O disco varia em experimentalismo, rotina, amor, poesia de primeira e refrões que merecem ser cantados com a maior força. Sinto por não ter ouvido antes, mas aqui estão minhas simples palavras que demonstram como este disco me atingiu. Talvez o álbum seja muito melhor do que eu disse, ou talvez eu tenha exagerado. Tire suas conclusões, o player está logo abaixo da ficha técnica.

Participam do disco:

LARA AUFRANC - vozes
ALLEN ALENCAR - guitarra, violão de aço, violão de 12 cordas
DANIEL DOCTORS - baixo, contrabaixo e percussões
KIM JINKINGS - pianos, teclados, órgãos e sintetizadores
VICTOR BLUHM - bateria, bateria eletrônica, percussões
CAMILO ZORRILLA - bumbo leguero e percussões em "Llena de Água"
MATHILDE PORTO - violino em “Vem Rodar"


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